Após duras derrotas contra o Atlético-MG no Mineirão, o Flamengo retomou o caminho das vitórias ao bater o América-MG no Maracanã. Passado o alívio do bom resultado, surge a dúvida: o Mengão de fato fez um bom jogo ou o adversário facilitou para o resultado?
Flamengo sofre com pressão inicial do Coelho
Passando pelo plano tático inicial, o Coelho de Vagner Mancini adotou uma postura agressiva para enfrentar o Fla desde os primeiros minutos. Marcando em bloco médio/alto, o Mecão buscava limitar as opções de passe do Flamengo na saída de bola bem como rapidamente entrar em transição.
Com as equipes espelhadas em 4-3-3, o time mineiro realizava perseguições individualizadas na linha defensiva e nos volantes do Fla. Os encaixes nesse sentido funcionaram no início do jogo, fazendo com que o Mais Querido chegasse próximo à área com poucos jogadores.
Com o passar da primeira etapa, o Flamengo passou a encontrar soluções a fim de sair da pressão. Em especial usando as bolas longas. Em regiões distintas do campo, Santos e Gustavo Henrique conseguiram iniciar construções rubro-negras em organização ofensiva.
Em contrapartida ao América-MG, o Flamengo começou a conectar algumas transições ofensivas após roubar a bola. Explorando os espaços às costas dos laterais adversários (que serão recorrentes durante a partida), Gabi acertou o travessão.
O Fla então passou a ter maior controle da partida. Muito por conta da solução para sair da pressão da saída de bola: as diagonais longas de Santos. Ainda assim, a equipe levou um susto numa cobrança de falta. Lucas Kal finalizou sozinho, após falha de Rodinei.
E partindo do goleiro rubro-negro, o Flamengo abriu o placar. Com um ótimo passe, encontrou Pedro em profundidade. O centro-avante se livrou da marcação e passou para Gabi marcar. 1×0.
Assim, a primeira etapa terminou com a sensação de que o Flamengo conseguiu lidar com o desafio inicial imposto pelo América: Com a construção curta obstruída, os passes longos foram a chave para ir para o intervalo com a vantagem no placar.
América-MG entra em “modo kamikaze”, mas Fla não se aproveita
Os 45 minutos finais começaram com o América-MG partindo para uma postura inexplicável no Maracanã. Com Patrick e Marlon bastante avançados, a equipe iniciou o segundo tempo com a finalidade de atacar o Flamengo usando muitos jogadores e se expondo bastante aos contra-ataques.
Aproveitando-se dos “latifúndios” nos corredores laterais, o Flamengo emendou uma sequência insana de contra-ataques em cinco minutos. Após Gabi perder duas oportunidades claríssimas de marcar, o camisa “9” também perdeu um pênalti, sofrido por Arrasca.
Mudanças dos dois lados
Vagner Mancini fez três mudanças visando manter a postura ofensiva, mas tentando se proteger melhor. Por isso, com as entradas de Luan Patrick no lugar de Marlon, Danilo Avelar passou a ser um lateral mais próximo dos zagueiros com bola. Patrick, então, virou um ala pela direita.
As mudanças, no entanto, não surtiram efeito e a equipe seguiu exposta aos contra-ataques do Mengão. Em noite muito ruim tecnicamente, Gabi seguiu tomando decisões erradas, bem como perdendo chances para o Flamengo ampliar.
Depois de tanto se expor às transições ofensivas do Fla, o América começou então a criar algumas chances de gol. Chegou a fazer um gol, que foi anulado, após cobrança de escanteio. Mas o Flamengo seguiu concatenando contra-ataques e perdendo chances de marcar. Num raro contra-ataque, Aloísio teve a chance do empate, mas parou em Leo Pereira e Gustavo Henrique.
Dois minutos após Gabi ser sacado para a entrada de Everton Ribeiro, enfim o Flamengo marcou o segundo gol. Aliás, em mais um contra-ataque explorando os inacreditáveis espaços cedidos pelo time de Mancini em três contra um, Arrascaeta só completou o passe de ER7. 2×0.
Mais alterações
Com o placar ampliado, ambas as equipes fizeram mudanças. Diego e Lázaro entraram para reforçar em tese o lado direito no lugar de Arrascaeta e Andreas. No entanto, Matheusinho e Zé Ricardo não mudaram a formatação do Coelho em campo.
Cometendo alguns erros de posicionamento bem como de execução, o Flamengo concedeu chances reais do América descontar o placar em bloco médio/baixo. Mas Santos garantiu que a equipe saísse do Maraca sem sofrer gols.
Dorival Jr. fez suas duas mudanças finais. Uma delas chamou a atenção. Arão entrou no lugar de João Gomes e passou a maioria do tempo atuando como um volante mais avançado, a frente de Thiago Maia. Além disso, Marinho entrou no lugar de Pedro e Everton Ribeiro passou a atuar no centro do campo.
O Flamengo acumulou mais chances de ampliar, mas a fase técnica da equipe não permitiu que o resultado fosse uma goleada. Destaque para Thiago Maia, que quase fez um golaço de bicicleta, após um contra-ataque em superioridade numérica.
Por fim, Marinho marcou numa jogada clássica de seus melhores momentos na carreira. Partindo da direita para o centro e se aproveitando da movimentação mais centralizado do lateral. 3×0.
Balanço do duelo
É muito difícil desconectar o placar elástico na partida a decisão “kamikaze” do América-MG de se expor completamente aos contra-ataques desde o início da segunda etapa. Isso fez com que o Flamengo tivesse muito espaço para facilmente acionar em profundidade seus atacantes.
Nos momentos em que o América-MG conseguiu trabalhar em organização defensiva, o Flamengo teve dificuldades para rodar a bola e encontrar construções mais curtas, tanto com os pontas quanto com os volantes. De qualquer maneira foi possível ver evolução nas dinâmicas.
Muita coisa precisa evoluir no desempenho da equipe para o restante da temporada. Mas nesse momento, somente as vitórias darão o respaldo para que Dorival Jr. consiga minimamente trabalhar padrões com e sem bola da equipe.
Junto com o bom rendimento no primeiro tempo contra o Atlético-MG na Copa do Brasil, o resultado dá confiança a equipe marchar rumo ao difícil duelo contra o Tolima na próxima quarta-feira.
A ver os próximos capítulos dessa história…
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